Cartomancia

Cartomancia

Creio que a história das cartas começou por volta de 1200 d.C.. A Europa passou a receber um número crescente de viajantes de todos os lugares. A abertura de rotas entre os países mediterrâneos, a Ásia e o Extremo Oriente possibilitou aos comerciantes trazerem mercadorias para o Ocidente. Tendo estes a oferecer material exótico de países muito distantes como Índia e China, estabelecendo mais tarde relações comerciais também com os países Islâmicos, de modo que fica praticamente impossível saber quem, de onde, e precisar quando neste período surgiram as cartas. A História necessita de provas e registros para montar a nossa história.

Já na Inglaterra não fizeram segredos do conhecimento das cartas, tanto que, em 1230, o Sínodo de Worcester proibia aos cavaleiros um jogo de cartas que chamava de Rei e Rainha.

Até o século XV, as cartas foram alternadamente condenadas ou aprovadas por chefes de Estado e pela Igreja, tanto na Inglaterra quanto em toda a Europa. Com o passar do tempo, na França, Itália e Inglaterra as cartas se tornaram tão populares quanto eram famosas na realeza e na corte, por isso é que se levou a crer que a sua origem viesse da corte francesa.

Consta a história de que as cartas foram introduzidas nos círculos reais em 1390. Carlos VI estava visivelmente com problemas mentais e para tirá-lo das terríveis crises de depressão, Odete, sua adorável e atenciosa amante, cantava, tocava harpa e lia para ele, além de estar sempre a procura de novos entretenimentos. Foi quando se ouviu falar que, em Paris, havia um novo e fascinante jogo, trazido à cidade pelos ciganos. Tratava-se de um jogo com cartas estranhas, algumas numeradas e outras com figuras de reis e rainhas orientais, que dispostas em diversas combinações, divertiam e intrigavam os participantes. Desejando continuar a entreter o seu rei, Odete, mandou buscar uma série dessas cartas, mas antes de permitir que Carlos VI  as visse, fez um artista da corte decorar um baralho especial que ela mesma idealizara destacando suas próprias figuras. O rei se recuperou temporariamente, mas neste ínterim ordenou que todos tomassem conhecimento dos poderes e da magia dessas cartas. Desde então, as cartas passaram a ser conhecidas como “Cartas da Corte”, ou “figuras”.

O demonstrativo financeiro de 1392 da corte francesa tem como registro um pagamento de grande soma por “três baralhos de cartas feitas à mão”. Com o dinheiro e a influência do rei somado ao talento de Odete, as cartas logo estavam a caminho do sucesso. Em pouco tempo, em Paris toda família abastada, possuía um baralho.

Já na Inglaterra, em 1463, Eduardo IV assinou uma lei proibindo a importação de baralhos de procedência estrangeira em todo o país. A intenção era de proteger o mercado interno de cartas.

Na época de Elizabeth I (1558–1603) as cartas conseguiram espaço, pois neste período foram reconhecidas como meio de estratégia de grande vitória sobre os adversários. John Dee, o seu conselheiro, decifrava nas cartas o futuro do Império Britânico.

Na Escócia, David Rissio, o conselheiro da rainha Maria Stuart, previu o infortúnio para ambos, os quais foram executados por ordem da meia irmã da rainha, Elizabeth I da Inglaterra. Consta que este momento foi registrado por uma tapeçaria que ficou muito famosa e que chagou aos nossos dias.

Na era vitoriana, considerou-se as cartas como um mal e se pôs fim a tudo. A Igreja condenou as cartas abertamente descrevendo-as com uma invenção diabólica por acreditar que elas incentivam os homens a gostar de jogar, criando vício e dependência.

No começo do século XX, as cartas ainda eram consideradas como objeto do mal e proibidas pela própria sociedade. Porém, no período da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), houve uma mudança e a partir desta época, foi recuperado o objetivo original das cartas, que passaram novamente a ser reconhecidas, ainda que discretamente. Desde esse tempo, elas são consultadas livremente em busca de orientação e advertência, de forma que nos ajudem a nos conduzir melhor e a aprimorar a nossa qualidade de vida.

 

Adivinhação

Advinhação

“Conhecer o futuro e a sorte por meio da simbologia das cartas, ajuda-o a jogar as cartas em relação ao próprio jogo da vida e dá a ele a condição de viver melhor a cada rodada
(autor desconhecido).

Adivinhação?

Sim. Atributo que lhe foi conferido desde tempos primórdios.

Adivinhar é exercer a divindade. A palavra divinus, em latim, significa algo mais cujo sentido equivale ao de homem-Deus, algo que está além e acima do ser humano.

Sendo assim, os que adivinhavam eram sacerdotes, pitonisas, conselheiros, sacerdotisas, videntes, médiuns, curandeiros e até os ditos “mal-ditos” magos e bruxas (que são, na realidade, alquimistas). Todos sempre buscando uma forma de se comunicar com o mundo divino para descobrir o direcionamento do mundo natural.

Entretanto, o tempo passou e nós ficamos mais exigentes e cobramos mais de nós mesmos, não ficamos somente com aquilo que nos foi passado. Ainda existe na mente de muitas pessoas uma idéia de que cartomancia, assim como qualquer outro trabalho de adivinhação, é “coisa do mal”. Digo isso por experiência própria, vivida várias vezes, com pessoas conhecidas ou recém-apresentadas.

Refletir sobre o que não se sabe faz parte, pois nem tudo dá para ser expressado através de palavras, é inefável. Algumas coisas foram feitas somente para serem vividas e sentidas, pois é inegável que somos uma obra prima como toda a natureza o é.

Eu penso, sabendo que o leitor é simpatizante do assunto, que ele merece uma reflexão.

É possível a cartomancia ser coisa do mal?   

E que mal é esse?

Cartas artisticamente desenhadas, imagens tão bonitas, por si só, podem ter esse poder?
Não, não podem.

Qualquer instrumento comum e de utilidade, dependendo de quem usa e da intenção do usuário, pode virar uma arma de CONSTRUÇÃO ou de DESTRUIÇÃO.

O mal não está nas cartas e sim, se houver, está no agente que faz a leitura ou no consulente, daí a suma importância da ética ao lidar com os oráculos.

Dependendo da ótica, podemos nos deparar com o PRECONCEITO ou com a HIPOCRISIA.

O PRECONCEITO, no mais das vezes, é próprio de quem não conhece a cartomancia. Já a HIPOCRISIA é característica de quem a conhece, dela faz uso, sabe e, no entanto, nega-lhe o valor.
O que importa, pois, é a escolha do profissional. E, também, é claro, a intenção do consulente.

É necessário que os interessados façam bom uso, ou seja, o uso positivo da cartomancia, sem confundi-la com práticas negativas de ocultismo. Por outro lado, não pode ser utilizada como fonte de futricar a vida dos outros para se valer de interesses mesquinhos na arte de manipular. Difundindo aí um ambiente belicoso por meio de fofoca, intriga e conspirações.

Escolha melhor com quem se consultar e se consulte para ver quanto benefício e proveito se extraem de apenas uma única consulta. Faça bom uso de seu tempo se dando valor e não recorrendo à consulta por motivos torpes para não estabelecer em você a maneira de se enganar, alimentando em si a ilusão.

Por fim, cumpre deixar bem claro, que ninguém pode ser vítima de um instrumento que se propõe a ajudar o ser humano. O mau uso pelo consulente ou pelo profissional não pode responsabilizar as cartas. Então, emita a sua opinião quando souber do que está sendo tratado, caso contrário não fale do que você desconhece para não manifestar a sua ignorância e/ou preconceito.